“A raiva é uma emoção de emergência. Está entre nós há muitas
gerações. Teve a sua importância em épocas primordiais (pré-história) para
garantir a sobrevivência da espécie humana.
Sentimos raiva quando alguém contraria as nossas necessidades e
desejos, surge do nosso instinto de sobrevivência. É difícil não activá-la
quando somos atacados. A ambição e o medo são sementes da raiva e esta, por sua
vez, é a semente do ódio.
A raiva é uma emoção totalmente desnecessária ao processo de
evolução da nossa consciência. Só serve para limitar a consciência e a
percepção. É um estado de espírito negativo que produz formas de pensamento
doentias. Uma pessoa enraivecida está cheia de um poderoso veneno criado por
ela mesma. Se não encontrar onde derramá-lo, irá fazê-lo dentro de si mesma.
Aquele que aplica um castigo por estar com raiva não corrige, vinga-se.
As emanações de amor saem do nosso corpo como nuvens coloridas e
alegres; as de raiva, como raios negros que atingem tudo, contaminando os
ambientes e qualquer um que entre no recinto ou coma algum alimento ali
contaminado. Esteja consciente destas interacções: a raiva contagia. Não
devemos alimentar-nos nessas ocasiões. Um pedaço de pão comido em paz é melhor
do que um banquete comido com raiva. Ninguém pode ser feliz quando tomado pela
raiva. Quanto mais raiva, menos felicidade e paz.
A raiva gera infelicidade e é capaz de levar a aflições físicas e
emocionas.
Conta uma velha lenda budista que um menino tinha mau génio. O seu
pai, um velho sábio, deu-lhe um sacode pregos e disse-lhe que, cada vez que
perdesse a paciência, deveria pregar um prego atrás da porta.
No primeiro dia,
o menino pregou 37 pregos. À medida que aprendia a controlar o seu génio,
pregava cada vez menos.
Com o tempo, descobriu que era mais fácil controlar o
seu génio do que pregar pregos atrás da porta. Chegou o dia em que pôde
controlar o seu carácter durante todo o dia.
Depois de informar o seu pai, este
sugeriu-lhe que retirasse um prego a cada dia que conseguisse controlar o seu
carácter.
Os dias passaram, e o jovem pôde finalmente anunciar ao seu pai que
não havia mais pregos atrás da porta. O seu sábio pai pegou-o pela mão, levou-o
até à porta e disse:
“Meu filho, noto que tens trabalhado muito, mas vê
todos estes buracos na porta. Nunca mais será a mesma. Cada vez que perdes a
paciência e sentes raiva, deixas cicatrizes exactamente como as que vês aqui.
Tu podes insultar alguém e retirar o insulto, mas, dependendo da maneira como
falas, poderás ser devastador e a cicatriz ficará para sempre. Uma ofensa
verbal pode ser tão daninha quando uma ofensa física”.
A raiva é uma fonte de destruição que se acumula nas nossas
células. No momento em que estivermos com raiva o ideal é sair e dar uma volta,
a fim de eliminar essas energias. É melhor ficarmos em silêncio e em segurança.
O silêncio nunca nos trai".
In
Manual Terapeuta Profissional – Johnny De’ Carli