O Céu e o Inferno
Conta-se que certo dia, um famoso e hábil Samurai, conhecido pela sua
violentíssima índole foi procurar um sábio Monge que meditava ao Norte durante o Inverno.
Encontrando-o em meditação no meio da neve ao pé de
uma montanha, não perdeu muito tempo e perguntou-lhe em tom de voz duro sobre
algo que sempre o atormentara e que com o peso da idade, lhe consumia o
espírito até o limite do insuportável:
– “Monge, tenho pensado muito nos caminhos que trilhei
pela vida até aqui… em tudo que vi e vivenciei. Sobre as minhas decisões e
anseios. Preciso muito de uma resposta, ensina-me de imediato: o que é o Céu e
o que é o Inferno?”
O Monge, de pequena estatura, idoso e muito
franzino, olhou para o bravo guerreiro de cima a baixo com ar de reprovação e disse-lhe:
– “Eu não poderia
ensinar-lhe coisa alguma, você está imundo e é um ser desprezível. Tem a
inteligência de um inseto e o merecimento de um tolo. O seu mau cheiro é
insuportável. Ademais, a lâmina da sua espada está enferrujada. Você é uma
vergonha para a classe dos samurais. A sua mera existência é lastimável! Desapareça
da minha frente criatura execrável, você é tão indigno quanto o mais indigno
dos homens!”
O Samurai ficou enfurecido. O sangue subiu-lhe
ao rosto e ele não conseguiu dizer uma palavra, tamanha era a sua ira. Empunhou a espada, ergueu-a sobre a
cabeça e preparou-se para decapitar o Monge num violento e assustador ataque.
No auge de tamanha fúria o Monge apontou-lhe o dedo e falou:
– “Eis o Inferno.”
O Samurai ficou imóvel como se tivesse sido
congelado; estava ofegante e aturdido. A sabedoria e coragem daquele pequeno
ancião o impressionaram, afinal de contas, arriscara a própria vida para lhe
ensinar sobre o Inferno.
O bravo guerreiro baixou
lentamente a espada e
caiu de joelhos diante dele numa profunda e sincera reverência. Os seus
experientes e destemidos olhos, que tantas sangrentas batalhas testemunharam,
estavam marejados.
O velho sábio continuou em silêncio. Passado algum
tempo, o Samurai já com o coração pacificado, pediu humildemente cheio de
vergonha e gratidão ao venerável
Monge, que lhe perdoasse o infeliz gesto. Naquele momento, o Monge em
tom brando, doce e sereno lhe disse:
– “Eis o Céu”.
O céu e o inferno estão aqui nas nossas
vidas e derivam com as nossas atitudes.
Se procurarmos levar o paraíso para os
outros chegaremos lá também. Mas se tentarmos levar os outros para o inferno percorremos
a mesma estrada.
A construção do céu ou do inferno só depende
de nós.
Constrói o teu CÉU !