O que é um Médium. As várias mediunidades
Médiuns são criaturas de sensibilidade
aguçada, que podem registar a presença de espíritos e podem, também,
transportar-se para o Plano Espiritual e descrever cenas e factos. Podem
ouvir espíritos e emprestar o seu corpo físico para servir de veículo de
manifestação temporária de espíritos desencarnados.
O facto de o indivíduo ser médium não
lhe confere, necessariamente, a coroa de santificação. Médium é apenas um
trabalhador da verdade que, quanto mais moralizado e evangelizado for, melhor
terá condições de servir ao próximo e de ser veículo de espíritos
superiores. Médiuns existem no Espiritismo e fora dele. O
Espiritismo não inventou os médiuns; a Doutrina Espírita procura educar,
orientar e ajudar o médium a cumprir fielmente o preceito cristão de "dar
de graça aquilo que de graça recebemos".
Todo aquele que sente, num grau
qualquer, a influência dos Espíritos é, por esse facto, médium. Essa
faculdade é inerente ao homem; não constitui, portanto, um privilégio
exclusivo. Por isso mesmo, raras são as pessoas que dela não possuam alguns
rudimentos. Pode, pois, dizer-se que todos são, mais ou menos,
médiuns. Todavia, usualmente, assim só se qualificam aqueles em quem a
faculdade mediúnica se mostra bem caracterizada e se traduz por efeitos
patentes, de certa intensidade, o que então depende de uma organização mais ou
menos sensitiva. É de notar-se, além disso, que essa faculdade não se
revela, da mesma maneira, em todos.
Médiuns de
efeitos físicos
Os médiuns
de efeitos físicos são
particularmente aptos a produzir fenómenos materiais, como os movimentos dos
corpos inertes, ou ruídos, etc. Podem dividir-se em médiuns facultativos e médiuns
involuntários.
Os médiuns facultativos são os que têm consciência do seu poder e que produzem
fenómenos espíritas por acto da própria vontade.
Os médiuns
involuntários ou naturais são
aqueles que nenhuma consciência têm do poder que possuem e, muitas vezes, o que
de anormal se passa em torno deles não se lhes afigura de modo algum
extraordinário. Isso faz
parte deles, exactamente como se dá com as pessoas que, sem o suspeitarem, são
dotadas de dupla vista. Manifestam-se em todas as idades e frequentemente em
crianças ainda muito novas.
Médiuns
sensitivos, ou impressionáveis
Chamam-se assim às pessoas suscetíveis
de sentir a presença dos Espíritos por uma impressão vaga, por uma espécie de
leve roçadura sobre todos os seus membros, sensação que elas não podem explicar.
Esta faculdade desenvolve-se pelo
hábito e pode adquirir tal subtileza, que aquele que a possui reconhece, pela
impressão que experimenta, não só a natureza, boa ou má, do Espírito que lhe
está ao lado, mas até a sua individualidade, como o cego reconhece, por um
certo não sei quê, a aproximação de tal ou tal pessoa. Torna-se, com
relação aos Espíritos, verdadeiro sensitivo. Um bom Espírito produz
sempre uma impressão suave e agradável; a de um mau Espírito, ao contrário, é
penosa, angustiosa, desagradável. Há como que um cheiro de impureza.
Médiuns
ouvintes
Estes ouvem a voz dos Espíritos.
Algumas vezes é uma voz interior, que se faz ouvir no foro íntimo; outras
vezes, é uma voz exterior, clara e distinta, como a de uma pessoa viva.
Os médiuns audientes podem, assim, travar conversação com os Espíritos.
Médiuns
falantes
Os médiuns audientes, que apenas
transmitem o que ouvem, não são, a bem dizer, médiuns
falantes. Estes
últimos, as mais das vezes, nada ouvem. Neles, o Espírito actua sobre os
orgãos da palavra, como actua sobre a mão dos médiuns escreventes.
Querendo comunicar-se, o Espírito se serve do órgão que se lhe depara mais
flexível no médium. A um, toma da mão; a outro, da palavra; a um terceiro, do
ouvido. O médium falante
geralmente exprime-se sem ter consciência do que diz e muitas vezes diz coisas
completamente estranhas às suas ideias habituais, aos seus conhecimentos e, até, fora
do alcance de sua inteligência. Embora se ache perfeitamente acordado
e em estado normal, raramente guarda lembrança do que diz. Alguns há que
têm a intuição do que dizem, no momento mesmo em que pronunciam as palavras.
Médiuns
videntes
Os médiuns videntes são dotados da
faculdade de ver os Espíritos. Alguns gozam dessa faculdade em estado
normal, quando perfeitamente acordados, e conservam lembranças precisas do que
viram. Outros só a possuem em estado sonambúlico, ou próximo do
sonambulismo. A possibilidade
de ver em sonho os Espíritos resulta, sem contestação, de uma espécie de
mediunidade, mas não constitui, propriamente falando, o que se chama médium
vidente.
O médium vidente julga ver com os
olhos, como os que são dotados de dupla vista; mas, na realidade, é a alma quem
vê e por isso é que eles, tanto vêem com os olhos fechados, como com os olhos
abertos; donde se conclui que um cego pode ver os Espíritos, do mesmo modo que
qualquer outro que tem perfeita a vista.
Médiuns
curadores
Este gênero de mediunidade consiste,
principalmente, no dom que possuem certas pessoas de curar pelo simples toque,
pelo olhar, mesmo por um gesto, sem recurso a qualquer medicação.
Dir-se-á, sem dúvida, que isso mais não é do que magnetismo. Evidentemente,
o fluido magnético desempenha aí importante papel; porém, quem examina
cuidadosamente o fenómeno sem dificuldade reconhece que há mais alguma
coisa. Todos os magnetizadores são mais ou menos aptos a curar, desde que
saibam conduzir-se convenientemente, ao passo que nos médiuns curadores a
faculdade é espontânea e alguns até a possuem sem jamais terem ouvido falar de
magnetismo.
Médiuns de
pressentimentos
O pressentimento é uma intuição vaga
das coisas futuras. Algumas pessoas têm essa faculdade mais ou menos
desenvolvida. Pode ser devido a uma espécie de dupla vista, que lhes
permite antever as consequências das coisas actuais e a filiação dos
acontecimentos. Mas, muitas vezes, também é resultado de comunicações
ocultas e, sobretudo neste caso, é que se pode dar aos que dela são dotados o
nome de médiuns de pressentimentos.